Obrigado, Eduardo. Que grande (e bonita) carreira!
Ontem disputava-se a última jornada da Liga NOS para o SC Braga em que recebeu e venceu o FC Porto, recém coroado campeão nacional, por 2-1 carimbando assim o terceiro lugar. Mas, além disto, há uma notícia a dar: terminou ontem a carreira de Eduardo, mesmo que no banco suplentes, algo que já tinha sido anunciado pelo próprio e pelo treinador nos últimos dias.
Apesar de terminar “em grande” com resultados coletivos de grande relevo como o terceiro lugar na liga e a conquista da Taça da Liga, acaba entre o banco e bancada com o seu último a ser feito em Dezembro de 2019. Mas a sua carreira, com mais de 500 jogos oficiais em vários clubes e países, foi marcante e de grande nível nos mais diversos parâmetros, num exemplo de muito talento e superação.
“Olho para trás e tenho muito orgulho na minha carreira”, despedia-se assim Eduardo no final do jogo. E nós também temos!
E em Vila Nova de Poiares, numa das últimas Conferências de Treino de GR, ele próprio admitiu que não era dos mais talentosos na formação bracarense mas aquilo que o distinguia era a capacidade de trabalho e de superação!
De baixo… até ao topo:
Recapitulando um pouco do que foi a carreira de Eduardo, que terminou ontem a sua carreira como guarda-redes profissional, aos 37 anos de idade…
Com formação partilhada entre Mirandela, Vitória SC e SC Braga, e quando chegou ao clube bracarense em juniores… ficou um carinho e um respeito gigante por um clube que também se tornaria seu. Foi lá que fez a sua estreia como profissional, num percurso “vindo de baixo” e de grande mérito e superação pessoal. E porque dizemos que foi vindo de baixo? Basta olhar a estes dados: chegou a sénior em 2000, para o SC Braga B, e por lá permaneceu até 2006! Aí surge o empréstimo para o Beira-Mar que nessa época desceu de divisão por apenas um ponto de diferença e Eduardo fez grande parte da época, a sua época de estreia em altos patamares.
Mas não se vergou com o desaire. Mesmo tendo mostrado bons sinais nesse empréstimo, voltaria a ser emprestado, desta vez ao Vitória FC (que na época anterior foi o tal clube que ficou um ponto acima do Beira-Mar e que se manteve assim na liga principal portuguesa). Fez mais de 40 jogos, ganhou a 1a edição da Taça da Liga onde foi herói nos penaltis numa equipa que tinha ao leme Carlos Carvalhal. E porque introduzimos este nome? Pois na época anterior, no Beira-Mar, foi quem treinou Eduardo também, havendo aqui uma aposta de continuidade mesmo que em clubes diferentes.

Eduardo como herói nos penaltis na conquista da 1a edição da Taça da Liga pelo Vitória FC em 2008.
A oportunidade… a muito custo e trabalho!
E foi aqui que deu o grande “clique” para o SC Braga e voltava assim “a casa” pela porta grande e para jogar, quando Jorge Jesus era o líder da equipa e tinha como colegas de baliza Kieszek (agora titular, anos depois, no Rio Ave) e também Mário Felgueiras. Fez duas épocas seguidas como titular e depois foi contratado pelo Genoa onde também foi titular e fez a época toda. No ano seguinte, foi emprestado ao SL Benfica (aqui comandado pelo seu antigo treinador Jorge Jesus) onde ainda fez 9 partidas numa baliza onde era Artur Moraes o titular. Voltou a ser emprestado no Genoa – que agora mantinha a aposta na jovem promessa Mattia Perin – desta vez ao Istambul BB, onde fez a época toda a titular e depois voltou novamente ao SC Braga em 2013-14 onde, como vinha a ser apanágio, foi titular a época toda.
Terminados estes empréstimos sucessivos pelo Genoa, foi contratado pelo Dinamo Zagreb (Croácia) onde fez 2 épocas brilhantes onde foi bicampeão no país e com jogos fantásticos também na Europa. Entrou assim no radar do Chelsea, para onde foi em 2016. Fez apenas um jogo, e na liga de reservas e no ano seguinte foi exactamente igual numa baliza, em primeira instância, com Courtois e Begovic e no ano seguinte saía Begovic e entrava Willy Caballero. Duas épocas praticamente a zero e partia emprestado para o Vitesse onde foi titular indiscutível e no clube onde esteve antes de voltar a custo zero para “casa” para o seu SC Braga. E sobre esta época, já dissemos tudo no início.

Eduardo foi o titular de Portugal no Mundial 2010 onde apenas sofreu golo contra a Espanha numa eliminação após a fase de grupos.
E se as suas temporadas nos clubes foram óptimas, o que dizer da sua estadia na selecção portuguesa? Eduardo teve 36 internacionalizações e o seu ponto mais alto foi o Mundial 2010 onde fez exibições inacreditáveis para manter Portugal com uma folha limpa, no que diz respeito aos golos sofridos, na fase de grupos e depois apenas sofreu contra a futura campeã mundial Espanha.
A sua presença na selecção teve como estreia num amigável em 2009 e terminou em 2016, mas com grande destaque para o período 2009-2012 onde foi o titular e esteve em todas as grandes competições internacionais de 2010 a 2016 onde foi campeão europeu mas sem minutos disputados.
Um carreira fantástica de um guarda-redes que teve de subir e provar que merecia a oportunidade no topo e que demorou muito tempo a lá chegar. Trabalhou muito, num atleta sempre reconhecimento pelo talento, capacidade de trabalho e ética, e que termina a carreira como um grande exemplo para todos nesta história aqui retratada em texto. E era tão precioso num balneário também que não foram poucos os treinadores que o recrutaram por já o terem orientado em anos anteriores e terem essas boas referências.
Talvez se siga o posto de treinador de guarda-redes na sua vida mas, entretanto, um grande elogio a este homem pela carreira. Obrigado, Eduardo.
Fiquem com as suas palavras de despedida do futebol, em baixo: