Treino: Do Especifico ao Integrado
– Posicionamento Vertical e Horizontal, as vantagens do ofensivo
“Este Guarda Redes sai-se tão mal, que indeciso”, “E aquele? Fica sempre agarrado à baliza, fraco…”. Pensamentos e frases típicas proferidas por adeptos. Mas não são só estes que têm esta visão, muitos comentadores também apontam estes erros, não mostrando muita das vezes qualquer tipo desolução.
O Posicionamento Vertical, vulgarmente conhecido como profundidade, deve ser trabalhado de forma consistente e a melhor forma de o fazer é mesmo de modo integrado. Provavelmente é um dos contextos que temos de nos aproximar mais do jogo em contexto de treino, para este ter uma melhor compreensão por parte dos atletas.
Efectivamente, é necessário entender este momento e contexto do jogo através de alguns parâmetros: primeiro, a bola, o principal referencial em qualquer situação; de seguida, o bloco defensivo, de modo a termos a orientação espacial da distância que devemos manter do mesmo, em função do terceiro parâmetro, o espaço, que deve ser reduzido na tentativa do encurtar de linhas entre a equipa, funcionando a mesma em bloco. Por último, obviamente, importa saber o que o adversário pode fazer, através do seu posicionamento, se tem ou não pressão, se consegue rematar a baliza e de que o modo o pode fazer, para onde tem os apoios direccionados, etc.
Para além da verticalidade, é preciso entender a horizontalidade, através do designado bascular, que geral dificuldades de compreensão e integração em escalões mais novos. Em jeito de brincadeira, acho mais fácil explicar que “o bascular é como os matraquilhos, estamos todos de mão dadas e quando se empurra um manípulo, todos caminham para o mesmo lado”. Fica a ideia! Contudo, é de salientar que defendo que esta horizontalidade funciona quando o Guarda-Redes está a trabalhar em contexto de saída, fora da zona de baliza, quando a bola está habitualmente no meio campo contrário, tendo o Guarda Redes este papel importante de trabalhar no “espaço”.
Finalmente, acho importante falar da génese do próprio guarda redes, aquele que se sente à vontade a jogar fora da sua zona de conforto de uma forma mais ofensiva. Normalmente, ao longo dos anos, constato que a larga maioria dos guarda redes mais defensivos neste contexto, são defensivos nos restantes e o contrário também se verifica. Ainda assim, se desde tenra idade for incutida uma mentalidade mais ofensiva, explicando as vantagens que se vão alcançar através deste posicionamento, é possível existirem atletas a jogar com mais à vontade fora do seu “habitat”, funcionando de certa maneira como o antigo líbero, estando cada vez mais integrados na sua relação com a equipa.
Concluindo, na minha ideia de jogo, o guarda redes mais ofensivo pode provocar diferentes sentimentos: por um lado confiança própria por estar à vontade em diversas zonas do campo mais afastadas da baliza, quando assim tem de ser, confiança aos colegas, pois sentem que não existe medo por parte do colega em estar “fora dos postes” e confiança que mostra ao adversário, que de forma indirecta diz à equipa contrária “eu estou presente!”. Guarda Redes ofensivos não são melhores nem piores, são diferentes…
Gonçalo Lopes