Treino: Do Especifico ao Integrado
– Passe Atrasado: Os Guarda-Redes também fazem coberturas
Muitos jogos temos visto por este Mundial 14’ fora. É certo que findato a época nos clubes, temos tendência a olhar para o futebol espectáculo, mas ainda assim não deixamos de ter um olho clínico sobre os guarda redes, ainda que numa análise menos profunda.
Nessa mesma análise, reparamos que algumas selecções ou culturas menos desenvolvidas no treino de guarda redes, nomeadamente algumas selecções africanas ou sul americanas, acabou-se por se observar que alguns guarda redes não realizam algo que se chama uma cobertura ofensiva, que está inserido no contexto de jogo ofensivo passe atrasado.
A cobertura ofensiva serve como linha de passe ao colega portador da bola e o guarda redes, tal como outro jogador qualquer em campo, deve cumprir este principio. No fundo, esta cobertura serve para oferecer ao colega com bola mais uma opção viável e segura de manter a posse (ou não) sem risco de perder a mesma em zonas proibidas. Daí entender-se de extrema importância o trabalho do jogo de pés que o guarda redes actual deve ter.
Os mais “antigos” a verem futebol normalmente questionam este passe atrasado porque o jogar “é para a frente!”, mas o seu uso é fundamental.
A partir daqui temos de partir para o posicionamento. Onde se deve o guarda redes colocar para dar uma cobertura adequada? Aqui as opiniões variam um pouco, mas no geral pensamos que é de enorme relevância o lado e a profundidade da cobertura.
Ora vejamos: se o colega portador da bola não tiver qualquer tipo de pressão, o guarda redes deve de certa forma “abrir”, sendo mais um elemento para conseguir circular bola, ou seja, rodar o centro do jogo. Ao invés, se o portador bola tiver pressão, o guarda redes deve dirigir-se para a linha de fundo, numa zona mais frontal ou próxima do portador, tal como indica a imagem. Assim, afirmamos que ao recuar para a linha de fundo, o guarda redes está a ganhar tempo e espaço podendo rodar jogo se tiver espaço suficiente para o fazer, analisando também uma segunda linha de pressão. Se essa segunda linha de pressão existir, o normal é pontapear a bola para uma zona distante da pressão.
Após esta explicação, pertinente é um caso prático: Rui Patricio foi “crucificado” numa bola em que a sua acção quase ia dando golo à equipa contrária. Pepe tem pressão e atrasa a bola. Esse atraso ocorre para o lado oposto onde Rui Patricio se encontra. O guarda redes estava bem posicionado, percebeu o momento do jogo, percebeu o contexto do jogo e é o seu colega que tem uma má analise numa primeira instância e atrasa-lhe a bola para uma zona errada. O que ocorre a seguir é uma má acção do português. Rui Patricio estava bem posicionado? Sim, só que às vezes falam pessoas que não percebem muito do assunto, influenciando quem está a ouvir de forma errada…
Um guarda redes mais completo é aquele que está integrado com a equipa e como tal é mais um no processo ofensivo de uma equipa!
– Gonçalo Lopes – 11 Julho, 2014