Treino: Do Específico ao Integrado

– Reposições com o pé: perfeccionismo ou exagero?

Tema controverso ao longo dos últimos anos. O que é facto é que todos os guarda redes contemporâneos utilizam uma só técnica de reposição com o pé. Mas já lá vamos. Primeiro é de salientar que quando falamos de reposições com o pé não estamos a referir-nos aos pontapés de baliza e ao jogo de pés em passe atrasado. Estamos apenas e só a referir a reposição efectuada com o pé, proveniente das mãos do guarda redes.

Dito isto, é também importante dar uma pequenina nota sobre a noção táctica base destas reposições. O primeiro e mais comum ouvido pelos comentadores e treinadores é que o mesmo, se for executado após a recepção de um cruzamento por exemplo, deve ser se possível e se for a melhor solução, reposto no corredor contrário ao local de onde a bola se encontrava.

Assim, a reposição deve ter um pressuposto estratégico. Portanto, deve estar assente na premissa da precisão e não do acaso. Para que isto aconteça a bola deve ser enviada de forma tensa para que seja mais fácil de recepcionar pelo colega. Mas hoje não nos queremos focar na técnica em si.

Antigamente, existiam três técnicas de reposição em jogo: reposição frontal, reposição à inglesa e half-voley ou reposição sul-americana. O half-voley foi genericamente começado a utilizar-se devido à sua eficácia em transições ofensivas rápidas. Para a sua execução deve-se colocar a bola numa mão e pontapear com o pé contrário com o corpo inclinado, de forma a que bola não ganhe demasiada altura, mas que seja tensa e rápida. Contudo, deve-se enfatizar que é a técnica de mais difícil execução.

Mas porque é que esta técnica passou a ser usada em detrimento do pontapé à inglesa? Que tantos e bons resultados também obtinha.

Na nossa óptica aconteceu uma espécie de “propaganda”. O “produto” só é vendido se este guarda redes for perfeito e o sinónimo de ser perfeito é executar este pontapé no caso das reposições. Se não executar, o “produto” mais dificilmente é “comercializado”.

Não estamos a dizer que a técnica não é eficaz, antes pelo contrário! Mas não existirá guarda redes que se sentem mais confortáveis a utilizar uma outra técnica e serem igualmente eficazes? Temos de obrigar a que o produto de formação seja realizar half-volley? O que valerá mais: a eficácia ou a beleza? o perfeccionismo ou a generalidade? Fica esta questão para responder..

Gonçalo Lopes