É esta a pergunta que poderá estar Claudio a fazer-se a si mesmo. O que afinal falhou para não estar num dos campos e momentos mais apetecidos da época para um clube de menor dimensão. Enquanto o Tondela e os seus adeptos festejam um empate histórico, debruçamo-nos por um dos seus atletas…
Todos nós temos um sonho quando vamos para a baliza. É no sentido de um sonho e de uma paixão única que nos deslocamos para tal posto tão injustiçado. Temos o sonho de estar nos grandes momentos, nos grandes palcos, nas grandes decisões. Hoje Claudio podia ter vivido o seu sonho, de jogar em pleno Estádio de Alvalade. Como seria igual no Estádio da Luz ou no Dragão. São por esses momentos que todos sonhamos um dia viver. E quando nos tiram esse sonho das mãos?
Claudio era titular há 10 jogos seguidos, desde a lesão de Matt Jones contra o Benfica. Nesse mesmo jogo perante um grande brilhou. 1 mês depois jogou contra outro grande português. Sofreu um golo do outro planeta e fez mais uma exibição notável. Tem sido comum. Sofre mais golos que Matt Jones? Sim. É indicio que é pior? Não. Durante este período viveu mudanças de treinadores, principais e de guarda-redes, jogou contra algumas das melhores equipas a nível nacional (tirando o Sporting, jogou mesmo com todas). Mesmo neste contexto adverso ele superava tudo. Ele estava tão perto de atingir um sonho…
Para quem não se lembra, foi ele um dos grandes obreiros da subida (histórica) do Tondela à 1ºliga. Que época formidável. Merecia o prémio de começar a época seguinte a titular. Aconteceu isso? Não. Culpa dele? Não. Tem menos nome, apenas isso. Mas o nome nem sempre joga…
Em suma, hoje podia ter jogado em Alvalade perante quase 40 mil pessoas. Era um sonho que realizaria. E depois de estar a titular 10 vezes seguidas, tiraram-lhe essa hipótese. Como deve ser frustrante estar tão perto e tirarem-nos sem razão aparente. Ele tem sido uma das grandes figuras do Tondela desta época. A personificação do que o clube trouxe de bom à primeira liga. Trouxe um grande guarda-redes, uma óptima pessoa e um fantástico profissional à primeira liga. Da nossa língua, do nosso sangue, do nosso ADN. E conseguiram não lhe conceder um desejo e um sonho que é comum a todos nós que partimos de baixo para chegar ao topo. É ingrato.
- Gonçalo Xavier – A Última Barreira
Foto: Leonel de Castro – Global Imagens