#28 Dominik Greif – O gigante que os “dragões” procuram para a baliza pós-Casillas
1.97m de altura, 22 anos de idade e internacional eslovaco. Na senda de perfil que o FC Porto, avaliando pelas recentes notícias, procura para a baliza, é um gigante e relativamente jovem (Koubek não era assim tanto). E isto tudo a baixo custo. Nesses quadrantes, faz sentido a inclusão de Greif nas escolhas… mas o perfil soa divergente com o passado e a essência da baliza portista.
Vitor Baía, Helton, Casillas. Pontualmente com excepções, com mais minutos, de Fabiano e José Sá, isto na última dezena (ou mais) de anos. Os primeiros eram líderes puros, de idades mais avançadas. Os últimos, no momento da aposta, mais jovens e vindos de brilhar em clubes médios-baixos da 1a liga nacional. Apostas de mais riscos porque vinham de contextos menos exigentes… e porque tinham antecessores de grande craveira.
Mas os grandes talentos da baliza portista tinham aquele perfil de líder, dominadores do campo na comunicação verbal e não verbal. E Greif não parece convergir para essas características basilares. E se formos ainda acrescentar capacidades mais ofensivas do jogo, como os posicionamentos mais altos, capacidade com os pés, ele não se inclui no lote. E não possui estas capacidades como inatas, mas algumas dessas podem ser trabalhadas, basta o correcto estimulo. E até o próprio Casillas “ganhou metros” no campo desde que chegou a Portugal. Além das capacidades psicológicas, não possui a mesma morfologia (é bem maior). E este perfil de “novo GR”, pelo que se fala na imprensa, que o FCP procura vai neste sentido: guardiões grandes e de reacção. E é um pouco estranho dado o que já resultou nas equipas do FC Porto no passado...
Passando a história… eis o que vale Greif:
Greif é um guardião de índole reactiva. De pouco risco, de procura do correcto posicionamento e de esperar defender com o seu corpo gigante. Tem um raio de acção curto, sendo que é crucial ganhar metros para ser melhor guarda-redes. Nesse raio de acção é eficaz mas falta mais, e um desses casos (que é exequível, porque a morfologia já possui) é a capacidade de dominar no ar, sendo mais “vivo” na interpretação da trajectória da bola e no momento de partida para o ataque à bola. Defensivamente é competente, apesar da pouca intensidade no movimentos laterais na baliza, acaba por controlar a boa parte dos lances com a sua larga envergadura. Ofensivamente não acrescenta (à data de hoje) mais qualidade. O Slovan dava iniciativa ao GR para tomar a primeira parte da organização da equipa, com bola, mas a demora e displicência de muitas das suas execuções – e excesso de confiança também – criavam também problemas, apesar do domínio absoluto da equipa no campeonato. Precisa de muito polimento no tempo e momento da decisão, tal como entender o ritmo do jogo.
É pé direito, procura ser ousado, mas a baixa qualidade técnica – sua e dos colegas no momento da recepção – faziam com que muitas jogadas não tivessem seguimento se existisse pressão forte contrária.
Não tem muitos anos de alto rendimento, mas chegou recentemente à selecção eslovaca onde já somou internacionalizações. É uma das apostas de futuro do país pelos bons desempenhos na equipa do Slovan e porque crêem que está ali o projecto ideal de rendimento nos próximos anos. E, com esta idade, experiência para a idade a alto nível (numa equipa que é campeã), e morfologia é um facto… não existem muitos.
Não é um nome, para número 1, que seja consensual e indiscutível. Por 2M é um activo que precisa de muito estímulo em treino/jogo, noutros contextos mais exigentes, para dar o salto qualitativo, pois potencial ele tem. Esse salto passa por ganhar metros no campo e capacidade em ser uma solução (e não um problema) no momento ofensivo da equipa e ser mais activo na comunicação para ser respeitado (pelo adversário) e respeitável (para os colegas e adeptos). Neste último aspecto, se Iker permanecer na estrutura, pode-lhe ajudar (e muito!) nesta capacidade tão importante num GR…
E, se é mesmo para número 1, é uma aposta de risco e questionável – com razão – para os adeptos do clube. Nestas condições, com alguém que não está bem preparado ainda para estas exigências a curto prazo, não seria melhor Diogo Costa? Fica a dúvida da contratação e de como vai ser constituída a baliza dos “dragões” para 19/20, principalmente para substituir alguém com o perfil e estatuto de Greif. Qualquer aposta seria sempre uma difícil sucessão… e esta não parece ser a “tal” aposta a curto prazo. Era necessário um grande nome, no imediato, e não um projecto de futuro. Futuro esse que Greif pode ter… basta para isso que o contexto seja favorável.
Mas o que é importante questionar é da linha orientadora da baliza do FC Porto: Iker, Buffon, Koubek… Greif? No que convergem? Qual a base da pesquisa?
Greif já pode chegar numa fase avançada de preparação física, pois já começou a pré-época há algumas semanas. Até por isso, a curto prazo, pode oferecer algum rendimento relativo pelo estágio mais avançado que os colegas a nível físico. Mas a médio-longo prazo, se focarmos numa época apenas como espaço temporal… pode mostrar algumas das debilidades que possui no seu arsenal técnico e táctico principalmente.
Segues alguns vídeos de defesas e golos sofridos:
Defesas/melhores momentos:
Sofridos: (ver aqui)
- Por Gonçalo Xavier, Fundador e Gestor d’A Última Barreira