Schubert: Uma época a acabar, ao ritmo e capacidade de uma pré-temporada, nestes tempos estranhos
O futebol de topo voltou após a paragem quase total para se cumprir a quarentena para conter a pandemia originada pela covid-19. Já tinha voltado na Coreia do Sul, não tinha parado na Nicarágua e na Bielorrússia… mas falamos do que aconteceu neste fim-de-semana na Bundesliga, mais concretamente no Dortmund 4-0 Schalke.
Este artigo não tem nada de científico, nem é esse o intuito para o caso. É apenas um pensamento com base em “sensações” do que é visível a olho nu. É apenas para ajudar a uma reflexão conjunta. “Ah, mas pode ter tido um dia mau”. Pode, mas podemos reflectir além disso e retirar uma boa conclusão que nos ajude a todos nesta fase inédita nas nossas vidas pessoais, profissionais e no caso… desportivas.
As expectativas não eram grandes, dá para confessar. Olhámos para este regresso de uma forma nostálgica e de retorno a uma “normalidade” que é demasiado estranha e difícil. Esperávamos dificuldades dos intervenientes, dos guarda-redes aos seus colegas, mas foi/será duro ver a curto prazo. Os corpos ainda não estão preparados para responder às exigências do profissional e do maior rendimento. Outros talvez já possam estar, mas isto é como tudo na vida…
Schubert (GR do Schalke 04) parecia dar bons indicadores de posicionamentos e de pequenos deslocamentos. Na cobertura à defesa e tendo a proactividade de pedir a bola em zonas fora da baliza e profundas. Dava também a indicar que a lentidão de movimentos estava bastante presente e por mais que o cérebro possa pedir ao corpo que responda, se este está pouco preparado para o alto nível é normal que não responda, sem entrar em grandes justificações científicas que não temos.
Em alguns passes, demorou a pensar/executar e a bola não subia. Tem uma grande saída aos pés de Haaland mas a forma como se deslocou dava a indiciar alguns problemas físicos ao nível do equilíbrio inicial e da aceleração para a queda. Onde se tornaram mais visíveis estas “sensações” foi quando a bola começou efectivamente a ir de encontro à baliza. No primeiro golo, num cruzamento, está bem posicionado mas o corpo (entre tronco e braços) não respondeu. Mas era uma bola difícil. No segundo golo o corpo está em desequilíbrio e o pé tenta defender… e foi, novamente, lento. No terceiro golo a mesma situação de pernas cansadas e pouco estáveis e que não ajudaram à melhor escolha da técnica para defender e o último a mesma coisa.
Ou seja, mais do que julgar o guarda-redes – neste momento não há justificação para isso, tais estes corpos que estão menos preparados para a exigência actual que o habitual – é importante salientar e alertar quem possa voltar à competição a mais breve/médio prazo que por mais que se tenham planos individuais/gerais para os guarda-redes de manutenção física, que é importante a relação com bola e o trabalho em campo, concretamente. Ganharam-se coisas neste período de “pausa” mas perderam-se outras que, não é em 4 semanas de trabalho – duas individualmente e duas integradas – que se consegue chegar ao ponto pré-covid19. Talvez só daqui a um mês (ou menos) estejam aptos para a competição e cumprir na mesma, com rendimento e sem lesões. Existirão excepções, depende muito do trabalho feito colectivo/individual neste período ou das capacidades já existentes dos atletas, mas será algo que irá acontecer a duas/três semanas, podendo-se esperar um “normalizar” das capacidades atléticas após este tempo.
Isto é como se fosse uma pré-época mas com necessidade de resultados em jogos oficiais. Quem treina sabe que na pré-época existe muito acumular de cargas e que o corpo em jogo está, por vezes, fatigado e não responde e o processo, entre o cérebro e a(s) parte(s) do corpo que vão executar, é mais lento. E foi isto o que aparentou acontecer em Schubert, do qual iremos mostrar as imagens de seguida, e pode acontecer a muitos guarda-redes (e não só) nesta fase:
A todos os profissionais que estão a voltar, mas com especial destaque para os guarda-redes e os seus treinadores específicos, desejos de um bom trabalho e que consigam ter o melhor (e mais rápido) rendimento neste período.