Análise: Quem é André Paulo que reforça agora a baliza do Sporting CP?
O trajecto de formação no Algarve ao sonho da capital, no meio de lesões e grandes defesas.
O guardião de 23 anos (nascido em 1996) que fez a sua formação no Algarve, no Imortal e no último ano de sub19 no Portimonense onde foi sempre o titular e nesse último ano de formação ajudou à subida para a principal liga de juniores. Chegado a sénior, partiu para uma aventura em Lisboa (primeiro no Oeiras e depois seguiram-se 3 anos de Casa Pia), até chegar ao Real SC onde foi destaque nesta época… mas onde não começou a titular.
No Casa Pia, de Rúben Amorim – época 18/19 – André Paulo competia com Rafael Marques pela baliza do clube num ano que conseguiram a subida aos campeonatos profissionais (no caso, 2a liga). André começou a época a titular, até Novembro de 2018 quando se lesionou – terminando assim a sua época – e com Rafael Marques estável e seguro, onde foi decisivo nos penaltis para a subida do Casa Pia.
Na época seguinte, o clube foi para a 2a Liga e André Paulo pelo recente histórico de lesão, rescindiu contrato e encontrava-se como um guarda-redes livre para assinar por qualquer clube. E aqui temos de introduzir o treinador de guarda-redes da época 19/20 do Real SC e também da “Era” de Rúben Amorim no Casa Pia do ano anterior: Pedro Santos. O nome de André surge para lutar com David Grilo na baliza do Real SC, clube que lutou pela subida aos campeonatos nacionais até ao covid-19, e toda a paragem pela pandemia, travar esse sonho. David Grilo começou a época como titular até se lesionar… a partir daí foi sempre André Paulo na baliza do clube. Jogava Taça apenas e a partir de Dezembro até Março foi titular e ambos estiveram numa das balizas menos batidas de todos os campeonatos nacionais. Esta “parceria” entre treinador de GR e GR existiu, por dois clubes diferentes, de 2018 até 2020.
Como é, afinal, André Paulo na baliza (e fora dela)?
André Paulo é um guarda-redes de morfologia “leve”, com 1.87m de altura, e que se destaca pelo seu jogo completo. Se nos sonhos, ao vir para Lisboa, foi ousado – por abandonar a sua “casa” – pode-se dizer o mesmo em campo: queria sempre ir mais além.
E esses traços de ousadia e coragem no campo foram os motivos para o Sporting CP agora o contratarem… mas também podiam ter, por seu turno, consequências negativas se o treinador principal tinha um jogo onde o guarda-redes tinha de ter tomadas de decisão simples na complexidade e reduzidas no campo. No caso de Rúben Amorim no Casa Pia fez-se a junção perfeita de “gostos” e “estilos”. O que o treinador, agora no Sporting CP, quer de um guarda-redes é este domínio espacial e ser mais um elemento da equipa na vertente ofensiva do jogo, além da fiabilidade normal na parte defensiva.
Todo o seu crescimento nestas épocas, em que passou a ter mais minutos de competição ,foi no sentido de melhorar e apurar a qualidade da tomada de decisão no espaço – não basta ter coragem em ir, mas saber quando é para ir… ou quando é melhor ficar – e de melhorar a sua capacidade na baliza, tendo crescido muito no 1×1 (capacidade característica e bem valorizada dentro do perfil de guarda-redes do Sporting CP). É importante salientar o seu trabalho no jogo aéreo, estando hoje mais consolidado e no momento da transição defensiva (para controlo da profundidade nas costas da sua defesa) ele é muito proactivo nesse espaço para evitar o perigo contrário mas com uma preocupação grande (quando possível) de iniciar momento ofensivo novamente pois os cortes são muitas vezes passes para se sair a jogar.
Indo para uma 3a escolha da equipa A do Sporting CP e sendo o possível titular do clube na equipa B – que vai competir no Campeonato Portugal – é sinal da boa valorização que teve nas últimas épocas e que é uma contratação, pelo histórico conjunto com Rúben Amorim e também no perfil que idealiza para o GR na sua equipa, que foi muito ponderada e com a escolha do treinador principal da equipa principal que encontra em André o guarda-redes com o perfil certo, a curto prazo, para o posto e para corresponder às ideias actuais do futebol profissional do clube sob directriz e idealização do treinador principal da maior equipa do clube no futebol.
Tem a peculiar característica de ter uma taxa de defesa de penaltis acima da média. Nestas duas épocas parou 4 penaltis no total (em 5 enfrentados, 80% eficácia defensiva). É um guarda-redes que com o aumento de minutos jogados a nível oficial e ser feito em sequência, que melhorou muito e correspondeu a todo o potencial que lhe apontavam, em tempos, no Algarve.
O que tem a dizer Pedro Santos, que o acompanhou no específico e integrado desde 2018 no Casa Pia até à actualidade:

André Paulo e Pedro Santos em aquecimento p/jogo no Real SC, em jogo transmitido pelo Canal 11.
“Posso considerar o André como um Guarda-Redes que sempre se mostrou bastante sereno e tranquilo, muito inteligente ao diz respeito à tomada de decisão.
Quando chegámos ao Casa Pia AC verificámos que as suas características e os seus pontos fortes encaixavam se que nem uma luva naquilo que o Mister Rúben Amorim pedia e exigia que os seus Guarda-Redes fizessem e como participavam no Modelo de Jogo da equipa principalmente na primeira fase de construção tanto com pressão ou sem pressão, a construir curto ou longo, bem como a controlar a profundidade e ter a capacidade de defender o espaço existente nas costas da nossa defesa. Acho que nestes últimos dois pontos em que ele se diferencia mais dos restantes guarda-redes e é dos melhores que já vi a controlar/jogar nestes momentos de jogo e com quem tive o privilégio de trabalhar. Sinto que nestes últimos dois anos (no Casa Pia AC e Real SC) conseguimos criar algumas referências que o ajudasse a decidir ainda melhor naquilo que ele já era muito competente a fazer.
A base do sucesso do André nesta época no Real para mim foi sem dúvida a sua capacidade de trabalho e o seu carácter que manteve sempre e isto quer se queria quer não faz uma enorme diferença naquilo que pode ser o sucesso de um jogador.”
Podem ouvir a participação num dos nossos Podcast A Última Barreira do Pedro: ouvir aqui
Em momento de transição defensiva (controlo da profundidade) e de organização ofensiva (distribuição com os pés):
Algumas das melhores defesas nestas duas últimas épocas: